Cerca de mil pessoas, entre educadores, estudantes e catequistas, participaram do 14º Encontro da Pastoral da Educação, realizado pela Diocese de Colatina, no último sábado (28/09), no Santuário Diocesano Nossa Senhora da Saúde, em Ibiraçu. Pelo número expressivo de participantes, este se torna um dos maiores eventos realizados pela Pastoral da Educação, no Brasil.
Esta edição do encontro foi marcada pela espiritualidade, pela diversidade e pelo conhecimento. Celebração Eucarística, apresentações culturais e feira escolar marcaram o evento. O tema “Os novos saberes do educador do século 21” foi conduzido de forma brilhante pela professora, escritora e conferencista Emilia Cipriano, de São Paulo. “A professora Emilia Cipriano, a partir de sua vasta experiência como professora e formadora, trouxe reflexões provocativas acerca dos saberes e afetos do ser professor na atualidade”, observou o coordenador Diocesano da Pastoral da Educação, Anderson Mendes Batista dos Anjos. “De acordo com a professora, não é possível falar de conhecimento cognitivo sem falar de afetividade, no sentido daquilo que nos afeta”, completou.
Muito aplaudida, Emilia Cipriano destacou que constituir saberes e afetos deriva de relações. “Educar é um ato essencialmente relacional. Tanto na ligação entre professores e alunos, quanto na interação dos educadores com seus pares, bem como nas relações que extrapolam os muros da escola”, destacou Anderson.
Momentos marcantes
O encontro também contou com a participação das professoras cegas Luzia Helena Gava Batista e Maryule Damas Fazolo. Acompanhadas pelo músico colatinense Josué Pereira Alves, elas executaram o Hino Nacional Brasileiro e, em seguida, cantaram a música “Era uma vez”, da cantora Kell Smith. O Grupo de Dança da Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Alonso também enriqueceu o evento com a apresentação de danças típicas portuguesas.
O encontro contou ainda com a participação dos catequistas. “Nós buscamos motivar a presença deles, pela importância do papel que realizam na educação cristã. Foi mais uma vez uma parceria que deu certo, além de inúmeros alunos e professores das instituições de ensino superior da região, e pessoas vindas de outras dioceses”, comemorou Anderson.
Dom Wladimir compara o educador ao semeador
Nosso bispo diocesano, dom Joaquim Wladimir Lopes Dias, presidiu a missa de abertura do evento. Em sua homilia, ele comparou o educador ao semeador da parábola que Jesus contou. “Também não podemos esquecer que nós somos semeadores. O educador cristão é aquele que sempre se pergunta: que tipo de educação é a nossa? Que tipo de educação estamos semeando? À luz da Palavra de Deus, a Igreja construiu sua pedagogia, porque evangelização e educação caminham de mãos dadas na formação do ser humano”, afirmou.
Homilia de Dom Wladimir no 14º Encontro Diocesano da Pastoral da Educação
Irmãs e Irmãos, neste clima de festa, sintamo-nos todos acolhidos neste Santuário Diocesano. Sejam todos muito bem-vindos a este encontro fraterno. Educar é preciso. Deixar-se educar é uma necessidade. Sintam-se todos acolhidos aqui, na Casa de Maria, na Casa da Mãe Educadora.
Temos, para nossa reflexão nesta celebração, a semente, como figura de linguagem, para refletirmos sobre temas muito importantes da teologia cristã. Jesus conta a parábola do semeador para as multidões e, portanto, para todos nós também. Quando fala ao povo, Jesus recorre a muitas parábolas: uma linguagem que todos podem compreender, com imagens tiradas da natureza e das situações da vida diária.
A primeira que Ele narra é uma introdução a todas as parábolas: é aquela do semeador, que, sem poupar, lança as suas sementes em todos os tipos de terreno. E o verdadeiro protagonista desta parábola é precisamente a semente, que produz mais ou menos frutos, em conformidade com o terreno onde ela caiu. Os primeiros três terrenos são improdutivos: ao longo da estrada, a semente é comida pelos pássaros; no terreno pedregoso, os rebentos secam-se imediatamente porque não têm raízes; no meio dos arbustos, a semente é sufocada pelos espinhos. O quarto terreno é fértil, e somente ali a semente germina e produz fruto.
Neste caso, Jesus não se limitou a apresentar a parábola; também a explicou aos seus discípulos. A semente que caiu ao longo do caminho indica quantos ouvem o anúncio do Reino de Deus, mas não o acolhem; assim, sobrevém o Maligno e leva-a embora. Com efeito, o Maligno não quer que a semente do Evangelho germine no coração dos homens. Essa é a primeira comparação.
A segunda consiste na semente que caiu no meio das pedras: ela representa as pessoas que escutam a Palavra de Deus e que a acolhem imediatamente, mas de modo superficial, porque não têm raízes e são inconstantes; e quando chegam as dificuldades e as tribulações, estas pessoas deixam-se abater repentinamente.
O terceiro caso é o da semente que caiu entre os arbustos: Jesus explica que se refere às pessoas que ouvem a palavra mas, por causa das preocupações do mundo e da sedução da riqueza, é sufocada. Finalmente, a semente que caiu no terreno fértil representa quantos escutam a palavra, aqueles que a acolhem, cultivam e compreendem, e ela dá fruto.
Hoje esta parábola fala a cada um de nós, como falava aos ouvintes de Jesus há dois mil anos. Ela recorda-nos que nós somos o terreno onde o Senhor lança intensamente a semente da Palavra e do seu amor. Com que disposições a acolhemos? E podemos levantar a seguinte pergunta: como é o nosso coração? Com qual dos terrenos ele se assemelha: uma estrada, um terreno pedregoso, um arbusto? Depende de nós tornar-nos um terreno bom e sem espinhos, nem pedregulhos, mas desbravado e cultivado com esmero, a fim de poder produzir bons frutos para nós e para os nossos educandos.
Mas também não podemos esquecer que nós somos semeadores. O educador cristão é aquele que sempre se pergunta: que tipo de educação é a nossa? Que tipo de educação estamos semeando? À luz da Palavra de Deus, a Igreja construiu sua pedagogia, porque evangelização e educação caminham de mãos dadas na formação do ser humano.
Nesse contexto, a Pastoral da Educação é a presença evangelizadora da Igreja no mundo da educação, semeando, por meio de processos pedagógicos, dinâmicos e criativos, o encontro das pessoas com os valores do Reino de Deus. O educador cristão é convidado a espelhar-se em Jesus, o grande pedagogo do Pai. É convidado a uma pedagogia da acolhida, da escuta, do empenho e da convivência. Uma convivência provocadora e uma pedagogia integral e aberta ao diálogo.
Entre tantos desafios, precisamos destacar um que está ocorrendo assustadoramente no país, em nossas escolas e comunidades que é o aumento alarmante do número suicídios entre crianças, adolescentes e jovens. Um problema subestimado. O suicídio é um fenômeno complexo que tem atraído a atenção de filósofos, teólogos, médicos, sociólogos, artistas e de todos nós.
Como um sério problema de saúde pública, este demanda nossa atenção. Mas sua prevenção e controle, infelizmente, não são uma tarefa fácil. As melhores pesquisas indicam que a prevenção ao suicídio, enquanto factível, envolve uma série completa de atividades, abrangendo desde a provisão das melhores condições possíveis para congregar nossas crianças e jovens através de um tratamento efetivo dos distúrbios mentais até um controle ambiental dos fatores de risco.
Quando possível, uma das melhores abordagens para a prevenção do suicídio na escola é a elaboração de um trabalho em grupo que inclui professores, médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais da própria escola, trabalhando em conjunto com agentes da comunidade. Vamos considerar o tema e que deixe de ser um problema subestimado. Vamos lançar sementes de esperança, de indagações e questionamentos, confiando no semeador que saiu a semear.
Na Diocese de Colatina, a Pastoral da Educação trabalha em parceria com o setor educacional público (que são Prefeituras, Secretarias Municipais de Educação, Superintendências Estaduais de Educação) e com o setor educacional privado (que são escolas católicas e instituições de ensino superior), contribuindo, assim, na formação inicial e continuada dos agentes educacionais que atuam e atuarão nas escolas do território diocesano.
A Igreja, através da Pastoral da Educação, deu e dará prioridade à família, à infância e à juventude, à formação de comunidades e de lideranças. Isso, naturalmente, deve se realizar em conjunto com as pastorais específicas que cuidam da família, da criança, da juventude, das comunicações etc. Com elas, a Pastoral da Educação deve manter um diálogo constante.
Irmãs e Irmãos, queremos agradecer a todas as pessoas que atuam na Pastoral da Educação: professores, pais, profissionais da educação, administradores de estabelecimentos de ensino, lideranças estudantis e comunitárias, agentes de pastoral e lideranças religiosas. Perseverem! Perseverem cada dia mais na missão de educar. Sejam semeadores nesta bela e desafiadora missão de ensinar na atualidade e não desistam jamais da semeadura.
Em pleno Ano Missionário, que Nossa Senhora interceda por todos nós! Amém!
Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias