Igreja em defesa dos profissionais do ensino religioso
Aconteceu no dia 26 de novembro, no Edifício São João Paulo II, na Glória, a primeira reunião do recém-criado Vicariato Episcopal para a Educação, com o bispo referencial para a Pastoral da Educação no Regional Leste 1, Dom Nelson Francelino Ferreira.
Estiveram presentes o bispo auxiliar e animador do novo vicariato, Dom Paulo Alves Romão, o vigário episcopal para a Educação, padre Thiago Azevedo, e o adjunto, padre Jorge Luiz Vieira da Silva, e representantes das arquidioceses e dioceses na área da educação.
Segundo o padre Thiago Azevedo, a reunião foi muito boa, porque permitiu conhecer como está a caminhada da Pastoral da Educação em todo o Leste 1: “Foi a oportunidade de acolhermos os agentes da Pastoral da Educação e nos apresentarmos enquanto novo vicariato da Arquidiocese do Rio. E foi muito bom, no sentido de que demos os primeiros passos, no âmbito estadual, para entender como está caminhando a Pastoral da Educação em nosso regional”, disse o vigário episcopal.
Confessionalidade
Durante a reunião, presidida pelo bispo referencial, os participantes puderam ouvir sobre a importância de se ter clara a definição do conceito de ensino religioso:
“É preciso deixar claro, em todos os nossos debates e apresentações, que ensino religioso confessional não é algo restrito ao âmbito de Igreja. A confessionalidade não pode ficar restrita a isso; ela é do âmbito da religião (cristã, afro-descendente etc). É preciso definir que o ensino religioso – confessional e plural – não é catecismo; este se dá no âmbito da paróquia. Ensino religioso é uma área de conhecimento, portanto, uma área do saber, por isso é ensinado na escola. Se isso não estiver suficientemente claro, haverá sempre dificuldade de compreensão do que seja confessionalidade; vai haver sempre confusão do que seja o termo em si”, exortou Dom Nelson Francelino.
Valorização do professor
O referencial disse, também, que “nesse cenário novo de governo – seja em âmbitos federal, estadual e municipal – devemos procurar colocar algumas pautas reivindicatórias. Em lugar de ficarmos discutindo o que seja ensino religioso confessional e plural, devemos reivindicar a valorização do professor desta área de conhecimento. O ensino religioso confessional e plural já era reconhecido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e pela Constituição Federal para o ensino fundamental. No caso específico do Rio de Janeiro, tivemos a aprovação, no ano 2000, dessa disciplina também para o ensino médio”, disse ele.
Apesar disso, segundo Dom Nelson, “o que temos visto é a total desvalorização do professor dessa área. É preciso envidar esforços para a valorização deste profissional, pois, desde o final da década passada, está havendo o desmantelamento dessa área, uma desvalorização enorme. O próprio sindicato dos professores não aceita a disciplina nem o professor de ensino religioso confessional e plural. O professor dessa disciplina está dentro das escolas na condição de ‘primo pobre'”, denunciou o bispo referencial para a Educação.
E disse também: “O resgate da valorização desse professor passa, obrigatoriamente, pelas condições, pela estruturação e formação permanente desses profissionais, que estão cada vez mais desmotivados. Isso tem gerado um êxodo muito grande, por se sentirem numa área incerta, duvidosa, insegura, porque não lhes é dado reconhecimento nem proteção. Por isso, devemos aproveitar este novo cenário de governo do estado e conversar com o futuro secretário da Educação e o futuro governador para darem essa confiança e valorização a este professor”, concluiu Dom Nelson.
Articulação
Alinhado com as preocupações do bispo referencial, o bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio e animador do Ensino Religioso, Dom Paulo Alves Romão, ressaltou a possibilidade de, com a nova legislação, “o ensino religioso confessional e plural ser aplicado em vários municípios do estado. Nosso trabalho, agora, é articular com os governos e suas secretarias, de modo que, sempre mais, seja possível o ensino religioso, que possibilita a formação integral e inclusiva da pessoa humana, isto é, os tantos alunos que estão em nossos colégios”, disse.
Representando o vice-governador eleito, Cláudio Castro, a chefe de gabinete Soraya Moreno compareceu à reunião para ouvir e encaminhar as demandas e propostas dos bispos e do corpo de agentes da Pastoral e do Vicariato para Educação, no Regional Leste 1:
“Vim, representando nosso futuro vice-governador, devido à preocupação que ele tem, prioritariamente, com a educação dentro do nosso estado, que está precisando se revitalizar, reconquistar a credibilidade em todas as temáticas pertinentes ao executivo. Sendo um ‘filho’ da Arquidiocese do Rio de Janeiro, ele me propôs ser esta interface entre o novo governo, os agentes da Pastoral da Educação e as autoridades do novo vicariato e do Leste 1 da CNBB, o regional que é pertinente ao Estado do Rio. Minha função, aqui, neste dia, foi mais ouvir do que falar; acolher as demandas e encaminhá-las, não somente no âmbito do executivo, mas também do Legislativo”, declarou.
Flávia Muniz / Symone Mathias –