Nesta terça-feira, 17 de agosto, o Brasil comemora o Dia Nacional do Patrimônio Cultural. A data é uma homenagem ao advogado, jornalista e escritor mineiro Rodrigo Melo Franco de Andrade ― o primeiro presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e, também, um dos maiores responsáveis por sua criação, em 1937.

Segundo informações do Iphan, atualizadas em maio de 2021, 1.267 bens são tombados no Brasil, sendo: um bem paleontológico, 97 conjuntos arquitetônicos, 32 conjuntos rurais, 88 conjuntos urbanos, 434 edificações, 380 edificações e seus acervos, 19 jardins históricos, um quilombo, 33 ruínas, sete sítios arqueológicos, 12 terreiros, 22 patrimônios naturais, 33 coleções ou acervos, 61 bens móveis ou integrados e 47 infraestruturas ou equipamentos urbanos.

A Catedral da Sé de Mariana está entre os bens tombados pelo Iphan

Desse número, 207 bens tombados estão localizados no Estado de Minas Gerais e grande parte pertence à Arquidiocese de Mariana como as igrejas históricas das cidades de Mariana, Ouro Preto, Congonhas, Ouro Branco, Itabirito, Santa Bárbara, Barão de Cocais, etc.

Por essa razão, o Departamento Arquidiocesano de Comunicação (Dacom) conversou com o padre Luciano da Silva Roberto, pároco e reitor da Paróquia e Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Senador Firmino (MG). Atualmente, ele é o assessor do Setor Cultura e do Setor Bens Culturais da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Coordenador da Equipe de Fiscalização do Acordo de Cooperação Técnica entre a CNBB e o Iphan.

Dacom: Em junho deste ano, a CNBB e o Iphan assinaram um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) que estabelece uma parceria para realizar ações conjuntas de preservação e valorização do Patrimônio Cultural sob gestão da Igreja Católica no Brasil. O que é esse acordo e o que ele prevê?

Padre Luciano Silva

Padre Luciano: O Acordo de Cooperação Técnica entre a CNBB e o IPHAN tem por objetivo a realização de ações conjuntas para preservação e valorização do Patrimônio Cultural Material da Igreja Católica que será cumprido mediante a realização de ações voltadas para o Patrimônio Cultural Material da Igreja Católica como: a identificação desse patrimônio cultural; produção de diagnóstico; estabelecimento de diretrizes para intervenções; fomento à conservação desse Patrimônio Cultural; produção de material instrucional para a conservação desse Patrimônio Cultural; capacitação de quadros da CNBB e/ou de seus colaboradores com vistas à preservação desse Patrimônio Cultural e promoção do mesmo.

Dacom: No território pertencente à Arquidiocese de Mariana há uma grande concentração do Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Religioso do Brasil. De qual forma esse acordo pode beneficiar o Patrimônio Histórico presente nesta Igreja Particular?

Padre Luciano: Evidentemente, a Arquidiocese de Mariana é responsável por uma parcela significativa de bens culturais. Dentre esses, vários possuem a proteção através do tombamento nacional pelo Iphan. São esses patrimônios com tombamento nacional que poderão ser beneficiados diretamente com esse acordo. A partir do interesse da Arquidiocese de Mariana, e fundamentando-se nas medidas propostas e garantidas pelo acordo, poderão ser realizadas iniciativas e projetos em vista da preservação e valorização dos bens culturais eclesiásticos.

A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto (MG), também faz parte dos bens tombados pelo Iphan. Foto: Paróquia N.S. do Pilar

Dacom: De qual forma a preservação do Patrimônio Cultural Material e Imaterial está relacionado à vivência da fé e religiosidade?

Padre Luciano: O Patrimônio Cultural da Igreja é composto pelo acervo do Patrimônio Religioso, Artístico, Histórico e Cultural que a Igreja, ao exercer sua missão, produziu a partir da ação evangelizadora, valendo-se da cultura dos diversos povos. Obedecendo ao mandato apostólico, feito pelo Senhor Ressuscitado, a Igreja, espalhada no mundo inteiro, transmitiu a mensagem salvífica amparada pelas manifestações religiosas, artísticas e culturais dos povos. Também os inúmeros registros das ações da Igreja formaram o acervo documental que, pelo seu valor histórico, passou a ser um bem cultural.

Os bens culturais são, portanto, instrumentos de evangelização porque sua natureza está ancorada no mistério divino revelado pela beleza da encarnação do Verbo. A missão desse acervo cultural é tornar sempre presente o mistério divino através das linguagens, das cores, dos sons, das texturas e das várias formas artísticas. Os bens culturais da Igreja possuem, portanto, um amplo potencial de transmissão de fé e uma eficaz ação evangelizadora como instrumento catequético. Através deles comunica-se, de forma agradável e fascinante a fé cristã, expressão do mistério do amor de Deus e da sublime identidade humana.

O patrimônio cultural da Igreja é um verdadeiro compêndio da fé cristã, pois nele está expressa a beleza do Verbo Encarnado, Crucificado e Ressuscitado. São João Paulo II, definia o patrimônio artístico inspirado pela fé cristã como “um formidável instrumento de catequese”. Preservar o Patrimônio Cultural da Igreja é portanto preservar a memória da vivência da fé e da religiosidade de um povo.

Webinar de quarta-feira

Para celebrar a data, Setor o Bens Culturais da Comissão Episcopal Pastoral para Cultura e Educação da CNBB, promove nesta quarta-feira, 18 de agosto, às 19h, o webinar ‘Identificação e Conservação Preventiva dos Bens Culturais da Igreja’.

A live desta semana recebe o coordenador Curso de Conservação Preventiva de Bens Culturais da Igreja da PUC Minas, Dener Antônio Chaves e o Museólogo e colaborador do Setor Bens Culturais da CNBB, Rafael Azevedo. A mediação será do assessor do Setor Cultura e Bens Culturais, padre Luciano Silva.

O webinar será às 19h, no canal do Youtube da Comissão para Cultura e Educação da CNBB.  Acesse o link: Youtube.com/culturaeeducacaocnbb

Fonte: Portal CNBB

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