CARTA DE VITÓRIA

 

 

Educadores e Educadoras, Peregrinos da Esperança,

 

No chão sagrado do Espírito Santo, onde o mar abraça as montanhas e o céu parece

tocar a alma, ergueu-se um clamor de esperança. Aqui, na terra de São José de

Anchieta, educador e poeta, nos reunimos dos dias 15 a 17 de novembro de 2024,

como sementes em busca de solo fértil, trazendo no coração o tema que nos move:

“Educadores peregrinos de esperança”.

 

Vindos de norte a sul do Brasil as vozes dos agentes da Pastoral da Educação

ecoaram uníssonas, tecendo uma sinfonia de esperanças e desafios. Educadores,

bispos, padres, diáconos, religiosos(as), leigos(as), todos líderes e sonhadores

trouxeram na mente, nas mãos e no coração o desejo de seguir os passos de Jesus,

Mestre e Educador, nossa esperança.

 

Este XXII Enape teve como objetivo refletir, partilhar e traçar caminhos para fortalecer

a presença evangelizadora da Igreja nos múltiplos espaços educativos deste imenso

Brasil. Em um cenário de rápidas mudanças socioculturais, fomos chamados a

renovar nosso compromisso com uma educação enraizada na esperança.

Historicamente, a Igreja sempre expressou formas privilegiadas de concretização de

sua missão evangelizadora, tanto na educação formal quanto na educação informal.

Por isso, reafirmamos nosso compromisso com a educação como processo e

princípio de direito.

 

Reforçamos a importância de pensarmos uma educação que valorize e integre as

experiências dos diferentes agentes e sujeitos educativos, superando o

individualismo, como nos é estimulado pelo caminho sinodal e a proposta de Igreja

em saída.

 

No horizonte da missão da Pastoral da Educação, brilha o ideal de uma educação

humanizadora e inclusiva, que seja ponte para a dignidade de cada pessoa e

instrumento de transformação social. No entanto, a caminhada rumo a esse ideal é

marcada por muitos desafios que foram elencados a partir da escuta dos

participantes do Enape: desigualdade educacional e exclusão; crise socioambiental;

violências; desvalorização dos professores e privatização da educação pública,

Às vésperas do Ano Santo de 2025, nosso coração se volta para o Jubileu, e queremos

renovar nossa vocação de peregrinos de esperança nos ambientes educativos.

Assim, nos propomos a testemunhar concretamente a esperança:

 

  • Reafirmando a educação à luz do Pacto Educativo Global, que busca integrar os

diferentes segmentos e esferas da educação, seja pública, privada ou confessional,

defendendo a educação pública, de qualidade e inclusiva como imperativo

constitucional, especialmente diante das ameaças de privatização e disputas

ideológicas;

  • Acreditando na força do Evangelho para educar ao humanismo, à solidariedade,

à fraternidade e ao cuidado com a casa comum em meio às crises ambientais e

sociais;

  • Promovendo uma cultura de paz, diálogo e tolerância diante das violências que

aterrorizam as escolas;

  • Cuidando dos educadores e educadoras como sinal profético de nossas ações

pastorais e

  • Continuando a esperançar, a tecer redes de apoio mútuo e a acreditar no poder

transformador da educação para a promoção da dignidade da pessoa humana,

felicidade e bem estar.

 

Enviados aos nossos regionais, dioceses, paróquias e comunidades, como

discípulos-missionários de Jesus Cristo, apaixonados pelo Reino de Deus e pela arte

de educar, assumimos a missão de ser presença profética em cada espaço

educativo, cuidando dos que ali estão e sendo sinais da esperança.

Que a Bem-aventurada Virgem Maria, Senhora da Penha, Mãe Educadora, expressão

do cuidado de Deus, nos inspire em nosso peregrinar rumo à esperança que, em

Cristo, não decepciona.

 

Participantes do XXII Encontro Nacional da Pastoral da Educação.

Vitória, Espírito Santo, 17 de novembro de 2024.