A I Reunião dos Colaboradores da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação foi marcada pela reflexão acerca das conversões do pontificado do Papa Francisco nos ambientes da cultura e saber.
Entre os dias 31 de janeiro e 02 de fevereiro, colaboradores dos Setores Cultura, Educação, Universidades, Ensino Religioso e Bens Culturais, que integram a Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação (CEPCE) da CNBB estiveram reunidos no Centro Cultural Missionário – CCM, em Brasília, para refletir sobre as conversões do pontificado do Papa Francisco nos ambientes da cultura e saber.
A I Reunião dos Colaboradores da CEPCE teve a sua primeira parte dedicada ao III Seminário da Ação Evangelizadora no Contexto Educativo e Cultural, com a participação de 55 colaboradores, dos cinco Setores da Comissão, que representaram todas as regiões do país. Segundo D. João Justino, presidente da CEPCE, “O encontro dos colaboradores dos cinco setores da Comissão representou uma expressão bonita e real da sinodalidade. Precisamos caminhar juntos, pois a presença de cada um traz riquezas de experiências que uma vez partilhadas enriquecem e estimulam nossa missão”. O evento teve início na noite do dia 31 de janeiro, com a celebração da Eucaristia presidida por Dom Paulo Cezar Costa, bispo da Diocese de São Carlos (SP) e referencial para o Setor Universidades da CNBB.
Em seguida, numa apresentação institucional conduzida pelo padre Danilo Pinto, assessor dos Setores Universidades e Bens Culturais, os colaboradores tiveram contato com a arquitetura organizacional da CNBB, composta por 18 regionais e 12 Comissões Episcopais Pastorais, bem como com o novo formato de organização adotado pela CEPCE, a partir das gerências que visam favorecer a escuta institucional, a comunicação e integração, a captação de recursos e a formação dos agentes e colaboradores. Segundo Pe. Danilo Pinto, “as gerências reúnem novas atribuições para os assessores. Vinculados diretamente ao presidente da CEPCE, as Gerências objetivam resolver os gargalos identificados no quadriênio anterior em diversas áreas. A I Reunião de Colaboradores da CEPCE teve a sua metodologia pensada, a partir da Gerência Pedagógico-Pastoral”.
A primeira comunicação foi feita por Dom João Justino de Medeiros Silva, Arcebispo Metropolitano de Montes Claros (MG) e presidente da Comissão para a Cultura e Educação, que tratou sobre as conversões pastoral (Evangelii Gaudium), eclesial (Episcopalis Communio) e ecológica (Laudato Sí) do pontificado do Papa Francisco nos ambientes de cultura e saber.
Na manhã do dia 01 de fevereiro a programação contou com uma análise de conjuntura política nos âmbitos da cultura e da educação. O museólogo Rafael Azevedo, doutorando em artes visuais, abordou as políticas culturais no Brasil, destacando a Política Nacional de Cultura e a importância de criação e implantação de mecanismos para a salvaguarda dos bens culturais. Dando seguimento, o advogado e analista político, Dr. Melillo Dinis pontuou que a análise de conjuntura apresentada se dá em tempos de metamorfoses na cultura e na educação, enfatizando que essas mudanças são marcadas pela complexidade e perda de referenciais, pelas desigualdades e exclusões e pela crise da liberdade no mundo liberal.
Ao final do III Seminário da Ação Evangelizadora no Contexto Educativo e Cultural, os colaboradores seguiram para os encontros específicos de cada Setor. Nos Encontros de Colaboradores, realizados entre a tarde do dia 01 e a manhã do dia 02 de fevereiro, foram trabalhados os temas prioritários eleitos por cada Setor da CEPCE.
Taxonomia de Bloom aplicada à formação dos Colaboradores
Todo o encontro foi feito com uma nova metodologia, a partir da pedagogia da Taxonomia de Bloom. Cada Setor da CEPCE ocupou-se de um tema prioritário. Os temas prioritários foram trabalhados ao longo de todo o encontro, inicialmente, dentro do III Seminário da Ação Evangelizadora, e, posteriormente, dentro do encontro específico de cada Setor, onde tiveram os seus desdobramentos e aprofundamento. Ao longo de todo o processo se debruçaram sobre a tarefa de estabelecer relações entre o conteúdo geral (eclesial e análise de conjuntura política) e o tema prioritário de cada Setor. Para tanto, foram usadas comunicações, estudos estatísticos, perguntas-chave, estudos de caso, ferramentas de gestão e planejamento.
A proposta objetivou diminuir a distância entre o teórico e o prático, bem como, desenvolver o agente de pastoral de modo a torná-lo apto para encontrar soluções pastorais para os temas prioritários que se lhe apresentam, nos ambientes de cultura e saber. Conforme o Gerente de Pastoral-Pedagógico, Pe. Júlio Resende, “Nesta primeira experiência, a proposta pedagógica da Taxonomia de Bloom se mostrou fecunda no processo de formação pastoral. Fomos desafiados a percorrer um caminho que partiu do reconhecer, envolveu o refletir, até o momento de criar proposta concretas como respostas aos desafios que temos nos ambientes de cultura e educação”.
Confira abaixo um resumo sobre os temas prioritários aprofundados por casa Setor da CEPCE.
Setor Educação – A missão do Setor Educação na pastoral junto às escolas públicas: as instituições de ensino públicas (municipais, estaduais e federais), segundo o Censo Escolar de 2018, são as maiores responsáveis pelo oferecimento de educação básica no país, atendendo cerca de 80% dos estudantes, concentrando, também, um maior número de professores. Associado a isso, a questionável qualidade do ensino e a falta de estrutura de apoio aos educadores constituem um desafio à ação pastoral da Igreja, que deve encontrar meios para ser presença neste contexto marcado pela laicidade e pela carência de agentes.
Setor Cultura – A implantação da Pastoral da Cultura e o cuidado integral com a vida: Desde as origens da pregação do Evangelho a Igreja vivencia o processo da experiência de encontro e comparação com as culturas. Assim, o mundo da cultura se constitui num areópago onde a ação pastoral da Igreja precisa estar inserida. A implantação ou a articulação da Pastoral da Cultura no Brasil é, portanto, uma resposta à missão da Igreja no mundo. No âmbito dos 18 Regionais da CNBB esse processo deverá fomentar o diálogo com o mundo das artes, da ciências e do saber, dando atenção às expressões culturais que compõem a identidade cultural da Igreja no Brasil, bem como pensando projetos que proporcionem o acesso à cultura para as realidades mais carentes.
Setor Universidades – Saúde mental na educação superior: a vida de estudos pode apresentar aos universitários e pós-graduandos uma série de dificuldades e desafios que repercutem em diversos âmbitos da vida, inclusive a saúde mental. Uma pesquisa divulgada no ano de 2016 pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) revelou que, no ano de 2014, um percentual expressivo dos alunos de cursos de graduação de universidades federais necessitou de ajuda psicológica. Dados como este apontam para a necessidade de construção de metodologias de estudo adequadas, que favoreçam o cuidado com a saúde mental durante essa etapa da vida.
Setor Ensino Religioso – A confessionalidade do Ensino Religioso e sua efetivação nas escolas públicas do Brasil: o ensino religioso confessional, previsto no Art. 11 do acordo firmado no dia 13 de novembro de 2008 entre a Santa Sé e a República Federativa do Brasil, é um assunto que ainda suscita muitas discussões, mesmo após o Supremo Tribunal Federal ter se posicionado sobre a sua constitucionalidade, em 27 de setembro de 2017. Mesmo sendo uma das principais conquistas alcançadas com o Acordo Brasil x Santa Sé de 2008, a realidade do Brasil como um país multiétnico, marcado pela pluralidade de expressões religiosas, torna o exercício do ensino religioso confessional na escola pública um desafio.
Setor Bens Culturais – Bens Culturais e captação de recursos: tema escolhido a partir do cenário pouco otimista no que diz respeito à preservação do patrimônio histórico em 2020, a partir da previsão de uma redução orçamentária de aproximadamente 70%. Este quadro, que dificultará ainda mais a adoção de medidas para a preservação do patrimônio, poderá resultar em paralisações de obras e projetos em andamento, bem criar obstáculos ao início de novas obras.